É bastante comum chegarmos ao final do ano e já pensarmos em novas metas para o ano seguinte. Esse ciclo de encerramento e de início de um ano é importante para nós, no sentindo de organização psíquica e renovação de energia para vivermos o novo ano.
Porque se observarmos a lógica disso, o dia primeiro de cada ano é como um outro dia qualquer no nosso calendário. Mas culturalmente e socialmente ocorre toda uma mobilização em prol da virada do ano: há pessoas que reformam a casa, ou pintam para mudar a cor, compram roupas e calçados novos, mudam o visual, planejam a celebração da virada, preparam menu para o jantar etc.
Além disso, há uma certa euforia nesse processo. É como se precisássemos que o ano termine logo para recebermos o novo, como se tudo fosse se resolver ou carrega a sensação de que o ano novo trará boas notícias. E de fato precisamos desse renovo.
Afinal, muita coisa acontece conosco ao longo de um ano. Você muito provavelmente não é a mesma pessoa do início do ano passado. Mas, por vezes nem nos damos conta das conquistas que tivemos durante a jornada.
Final do ano também pode ser para muitas pessoas, uma fonte de ansiedade, de tristeza, de frustração e de medo, pois também é um momento em que ficamos mais reflexivos: fazemos uma análise pormenorizada das nossas ações ao longo do ano. E com isso, vemos que foi mais um ano em que você planejou tanta coisa e boa parte disso tudo, não aconteceu. Nem sempre sentimos orgulho do que fizemos ou do que não fizemos.
E aí nos deparamos com a frustração, sentimento de fracasso, comparação, pois acabamos olhando para a vida do outro, para as suas conquistas e esquecemos de também ver o quanto nos esforçamos e demos o nosso melhor ao longo do ano.
Só que temos que considerar, até que ponto essas metas eram realistas e alinhadas com os seus valores. Talvez você queira abraçar muitas mudanças, mas não considera as suas possibilidades, o que acaba inviabilizando a constância da execução das suas metas.
É muito válido você estabelecer poucas metas, porém realistas. E à medida que você for estruturando ao seu repertório, você pode ir ajustando e incluindo até outras. Comece pouco, comece pequeno, mas opere de forma consistente. Pois não é sobre velocidade ou quantidade, mas sim sobre fazer todos os dias até que se torne um hábito.
Então, desejo para você nesse novo ano, metas realistas. Reserve um momento em silêncio, só para você se conectar com você e prestar atenção às suas necessidades. Existe uma diferença entre o que eu quero e entre o que eu preciso. Você precisa de quê? Por quê? Para quê? E como você vai fazer?
E nesse processo, não se esqueça de flexibilizar as suas metas. Sim, muito importante. Não crie metas inatingíveis, irrealistas e rígidas. Aqui vão alguns passos que podem ajudá-lo a construir metas realizáveis:
1. Separe um momento e faça um brainstorming de tudo que você gostaria de alcançar.
Não importa se não há lógica nem razoabilidade. Nesse primeiro momento, você só está acessando seus conteúdos internos. Em um segundo momento, você vai organizar tudo isso, e verificar se realmente faz sentido para você. Enxugue essas metas e atente-se àquelas perguntas acima: Por quê eu quero realizar isso? Quando? Para quê? Como irei fazer isso?
2. Priorize o que é prioridade
Quais dessas metas são minha prioridade? O que alcançarei com elas? Como irá impactar a minha vida, saúde mental? As outras que não caibam nesse crivo de prioridade, ficam para um outro momento.
3. Seja bem específico
Nada de metas generalistas como: "quero emagrecer", "quero ser feliz". Meta tem que ser bem clara, com prazo e plano de execução. Como: "quero emagrecer 12 Kg ao longo dos 12 meses, mas para isso, irei fazer um acompanhamento com equipe multidisciplinar, aliando exercícios físicos, dieta realista, regulando sono, cuidando do meu emocional. Além disso, como micropasso, meu compromisso é perder 1kg por mês. Percebeu a diferença? Dessa forma, fica muito mais executável.
4. Erros vão fazer parte. Seja maleável, mas comprometido
Não precisa ser radical com as suas metas, nem ser duro demais com você. Afinal, muita coisa acontece conosco ao longo do ano. Precisamos ter inteligência emocional e flexibilidade cognitiva. Entenda que os erros vão fazer parte dos acertos. E podemos aprender muito com eles. Os erros servem para nos mostrar o caminho que não queremos seguir e que não nos levam aonde queremos chegar.
Giselle Melo da Silva
Psicóloga - CRP 20/05083
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